30 de junho de 2016



Às vezes naufragar é mais prudente do que continuar remando. Na vida nem todas as coisas são superáveis, possíveis, continuáveis. Uma perda, um final, uma agressão, uma dor, um trauma. Nem sempre vale a pena prosseguir. Saber o momento de largar as armas, soltar a corda, declarar cansaço e desistência. Continuar no mais das vezes equivale a apostar em um jogo que inevitavelmente iremos perder: o tempo, o espaço, a coerência, o amor próprio, outras alturas. Às vezes é necessário desistir, sentir o gosto da derrota, sem pensar o que se poderia fazer mais. O problema é que pensamos. O ruim é saber o momento correto. Precisamos saber o imenso de mar em que moramos e desmoronamos. Se navegar é preciso, naufragar é essencial. 

 Guilherme Antunes

Distância

É na saudade que encontramos 
o que a aparente separação parece nos testar: 
a força do que sentimos. 

Moreno Pessoa

Eu já fui mais imediatista. Amadurecer talvez seja entender que nem tudo acontece no instante que quero. Que esperar, faz parte. E, às vezes, vale a pena. 

 Jey Leonardo

29 de junho de 2016


Estar na multidão e ainda assim só
Na garganta se desfaz um nó
É o passado que olha pra frente
Já não importa, o erro seu, o erro meu
E passa em minha mente
Se o sentimento já padeceu
Esqueceu de levar esse aperto no peito
O feito que não é desfeito
Alguém se vai para não voltar
E fica o dito pelo não dito
 Uma vista baixa, dizendo - não se vá
Toda despedida guarda um grito
Que a razão reticente, fez silenciar. 

Despedida 
Transtorno Poético - J. Victor Fernandes

Eu acredito que as coisas possam mudar, sim.
Mas se não mudarem, amiga, MUDE, então, você.
De amor. De sonho. De cidade.
De coração. De história.
Segundas chances existem.
Terceiras, não.

Fernanda Mello

Diante desse imenso ponto de interrogação que é o futuro de todos nós, reformulei minhas crenças: estou me dando o direito de não pensar tanto, de me cobrar menos ainda, e deixar para compreender depois. Desisti de atracar o barco e resolvi aproveitar a paisagem. 

 Martha Medeiros


Você é aquele tipo de pessoa inconfiável, seus movimentos são joguinhos manipuladores, seus discursos nem se fala. Já faz tempo que parei de guiar minha vida com suas frases de parachoque de caminhão. Fui embora. Agora de uma vez. Sem volta e sem conversa. Não estou dizendo isso porque no fundo te quero ralando joelho pelas ruas atrás de mim. Não dessa vez. Não vem com bombons, não vem com desculpas, não vem com canções. Não vem. Dá uma olhada em tudo que você fez e me diz. Viu? A novidade é que o dia que eu sempre prometi que viria, e que você nunca esperou chegar de verdade, veio. Eu cansei. Não sou mais eu. Contou os anos? Quanto tempo esperei por você? Você crescer, você mudar, você mostrar algum remorso. Você tem de querer. Embora eu queira muito, mesmo eu querendo em dobro, não há como querer por você. Só quem enfrenta longas esperas sabe como é o inferno por dentro. Eu sempre falei, um dia alguém tinha de te dizer não. Eu queria que não fosse eu, porque aí eu poderia ficar numa boa e assistir você sofrer, nem que seja calado num canto, mas sofrendo, mostrando algum arrependimento ou qualquer traço humano. Quem sabe eu até enfiaria os dedos ainda com anéis no meio dos seus cabelos e diria que tudo ficaria bem. Agora é tarde, meu anel já se foi, nem os dedos ficaram. Ficar seria tolerar suas mancadas. Você precisa perder pra entender onde errou, que isso que você faz é um erro, um dos feios. Que evitar e não tocar mais no assunto não é perdão ou esquecimento. É sufocar. E eu estava sufocando… Partes de mim querem ir embora, partes de mim querem ficar. Ainda não terminei de gostar de você. Mas consegui. Agora fui. Porque comecei isso querendo ser sua companheira, passei a cúmplice das suas maldades, e ficar dessa vez vai me fazer sua comparsa. Não é um ‘até amanhã’ nem ‘até breve’ e nem ‘até mais’. É um ‘até você mudar’ ou ‘até você não ser mais quem você é’. Até nunca, então.

Gabito Nunes.
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